Quando falamos em autismo, muitas pessoas ainda pensam em estereótipos. Imaginam um “tipo específico” de comportamento ou aparência, como se houvesse um padrão visível para identificar alguém autista. Mas a verdade é simples e precisa ser dita: autismo não tem cara — e também não tem cura.
E não, isso não é um problema. Porque o autismo não é uma doença.
É uma forma de ser, de sentir, de perceber e de estar no mundo.
Quantas vezes uma pessoa autista já ouviu a frase:
“Mas você nem parece autista…”
Essa afirmação, por mais inofensiva que pareça, carrega uma grande falta de compreensão. Como se o autismo fosse algo que se vê no rosto ou no jeito de andar. Como se existisse um molde, um padrão único que definisse o que é ser autista.
Na realidade, o autismo é um espectro — isso significa que ele se manifesta de formas diferentes em cada pessoa. Alguns autistas são verbais, outros não. Alguns têm alta sensibilidade sensorial, outros são extremamente racionais. Alguns são mais introspectivos, outros muito sociáveis.
Não existe uma única forma de ser autista. Existem milhares.
Ser autista é viver com uma percepção singular. Muitas vezes, é sentir mais do que a maioria, pensar de forma diferente, se expressar de outro jeito. É viver com intensidade, com foco em detalhes que a maioria não percebe, com desafios e também com potencialidades únicas.
E é justamente por isso que precisamos de uma nova abordagem.
Uma que troque o julgamento pela escuta.
Que substitua os rótulos por empatia.
Que reconheça a pluralidade das experiências autistas e celebre essa diversidade.
O autismo não é algo que precisa ser “consertado”. É uma parte essencial de quem a pessoa é. Portanto, ao invés de tentar identificar se alguém “parece” autista, que tal mudar a pergunta?
Como posso compreender melhor essa forma de ser?
É a partir dessa escuta aberta e respeitosa que construímos um mundo mais inclusivo — onde cada pessoa, com suas características únicas, tem espaço para existir com dignidade.
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Uma publicação compartilhada por Dra Ana Aguiar | Autismo Adulto (@dra_anaaguiar)